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Olá!

Sejam todos bem vindos ao "Outside", o canal aberto para a socialização de ideias e opiniões sobre arte, cultura underground e o que mais nos der na telha: política, economia, rock progressivo inglês, a cor do biquíni de bolinha amarelinha da Ana Maria (essa última, só tendo mais de 25 anos ou sendo muito estranho para lembrar...).
Deste ponto em diante, serão postados, neste espaço, textos e outros materiais relativos a assuntos diversos: Cultura(s), filosofia, teatro, música, cinema, sem deixar de lado a realidade mais concreta e imediata.
Em cada página/seção serão postados textos relativos a temáticas distintas.

  • Em "Cult", sob o olhar de Adenivaldo Brito, Contemplaremos elementos significantes da cultura e do entretenimento mundial, do pop ao underground e as manifestações artísticas e midiáticas que arrastam legiões de seguidores.
  • Em "O mundo de Sofia, entre outros" George Lima nos guiará pelo universo literário entre mergulhos filosóficos e reflexões teóricas.
  • A bordo da "Nabucodonosor" está Matheus Medrado com comentários e análises intrigantes sobre o mundo do cinema. 
  • No palco do "Caleidoscópio" Jheffesson Aguiar nos apresentará fatos relevantes sobre teatro e afins.


Então, como diria Douglas Adams: "Pegue sua toalha e não entre em pânico!".

Está nascendo, neste momento, o Canal Outside!

"Le cœur dispose ses raisons que la raison ne connaît point"


"O coração possui razões que a própria razão desconhece”


Quando Pascal proferiu essas palavras, cerca de quatro séculos atrás, o que será que passava por sua cabeça? Simplesmente um dos mestres do racionalismo, se rende às aflições da alma e assume a subjetividade dos sentimentos, num período marcado pelo conflito entre jansenistas e jesuítas. A abstração das ideias e a assumição (essa palavra existe? Ah! Dane-se! Agora existe!) do sentimentalismo leva o físico a mostrar um pouco de poeta. Tá bom, tá bom... podem perguntar: “O que te deu, rapaz?  O que que há? Cadê aqueles artigos cheios de referenciais políticos e idealistas, costumeiramente postados aqui e direcionados à cultura pop ou ao underground? Bem, hoje não tem artigo, hoje não tem pop, hoje não tem underground, hoje não tem nada a que se possa atribuir qualquer valor lógico pois, afinal, o que é a lógica? O que faz sentido para mim, atribui algum valor também a você, caro leitor? De que adianta falar do crack da bolsa de 29, da paranóia e consequente perseguição política aos artistas no período da guerra fria, enquanto deixamos de lado o que nos é realmente tangível e palpável?
Não se preocupe, também não vou falar do atual status da economia global (e desde quando eu entendo de economia?) ou dos mortos em conflitos armados no oriente médio. Hoje estou apenas escrevendo por escrever, digitando por instinto, sem ter nada a dizer.
Vai saber o que se passa na cabeça de um homem de tamanho intelecto...
Calma! Estou falando de Pascal, não de mim; não sou presunçoso a tal ponto. Ainda não.
Sabe-se que ao final dos anos 1640 (entre 47 e 49) Pascal, após uma longa temporada dedicando-se exclusivamente à aritmética, entra em declínio. Sua saúde acaba por ser comprometida em decorrência da excessiva jornada de trabalho. Acredita-se que em 1648 tenha começado a inclinar-se para o campo da religião. Quando começa a andar em companhia de Jacques Forton, inicia seus estudos da bíblia e, pouco depois, se une aos jansenistas do Port-Royal, também com uma pontinha de influência de sua irmã Jacqueline, que entrara para o convento. No entanto o fato decisivo para o direcionamento espiritual de Pascal teria sido o milagre da cura de sua sobrinha, que sofria de uma fístula ocular maligna, após tocar o “santo espinho” de Port-Royal.
Há quem diga que outros fatores influenciaram Pascal nessa guinada: o livramento de um acidente de charrete, visões divinas, etc. O fato é que, a partir de 1653, Pascal deixa de lado os estudos matemáticos e volta seus esforços unicamente para a teologia. Poderia gastar mais algumas linhas discutindo a influência do jansenismo sob a produção científica de Pascal, ou mesmo sua pequena guerra declarada aos jesuítas e à incredulidade de Descartes como demonstrada no seguinte comentário: “Não posso perdoar Descartes; bem quisera ele, em toda sua filosofia, passar sem Deus, mas não pode evitar de fazê-lo dar um piparote para pôr o mundo em movimento; depois do que, não precisa mais de Deus”. Mas, por hora, deixemos isso de lado. De qualquer sorte, Pascal foi uma das mentes mais fabulosas da história. Devemos a ele a primeira máquina de calcular, a geometria do acaso, o triângulo de Pascal, além de ter aperfeiçoado o barômetro inventado por Torricelli.
E onde eu pretendo chegar com isso? Lugar nenhum. Apenas ilustrar a importância dessa dualidade na construção do caráter humano. Por quê ciência e religião precisam estar necessariamente em plataformas opostas? 
O que impede estas duas forças naturais, condicionadas à necessidade de humana de buscar respostas às questões relativas à sua existência, de conviverem lado a lado?
Como eu disse, hoje estou escrevendo meio que por escrever. Sem grandes pretensões, sem rumo, sem lenço e sem documento. Mas, afinal o que me impulsiona a “perder” essas horas de uma tarde de domingo? O que desacalma (mais uma vez, neologizando...) meu coração? Sei lá, caro leitor!
Mais uma vez, fico com Pascal:
“O coração possui razões que a própria razão desconhece”.