"V for Cinema"




O filme “V de Vingança" (2006) é a adaptação da série de HQs, de mesmo nome, escrita por Alan Moore e desenhada por David Lloyd. O longa, dirigido por James McTeigue com o roteiro irmãos Wachowski (Sim, os criadores de Matrix), conta a história de um anarquista mascarado de codinome “V” (Hugo Weaving, Matrix), que transita pelas ruas escuras de Londres, num futuro não tão distante e planeja sua vingança contra o governo totalitário da Inglaterra, agora a principal potência mundial. O líder desta grande potência é conhecido como Alto Chanceler Adam Sutler, um homem autoritário e impiedoso que, por várias vezes, nos faz lembrar Hitler.
“V” usa uma máscara de Guy Fawkes, que participou da “Conspiração da Pólvora” (1605), que tinha como objetivo assassinar o rei e todos os membros do parlamento durante uma sessão. Guy Fawkes era o responsável por transportar os barris de pólvora até o subsolo do parlamento, mas o plano foi descoberto e ele foi preso, interrogado e condenado à forca por tentativa de assassinato e por traição. Daí surgiu o poema que “V” recita no filme:


"Lembrai, lembrai o cinco de novembro. A pólvora, a traição e o ardil; por isso não vejo porque esquecer; uma traição de pólvora tão vil".


O filme “V de Vingança” teve que restaurar a credibilidade do Irmãos Wachowski, após a decepção que causou aos fãs de Matrix com as sequencias Matrix Reloaded e Matrix Revolutions, acho que eles conseguiram ganhar uns potinhos com os fãs dos seus filmes. Mas não agradaram aos fãs da Grafic Novel, alguns dizem que a adaptação dos Irmãos tirou a essência da história de Moore, que não tem um bom histórico de adaptações de suas obras, vale lembrar que Moore também se decepcionou com a adaptação de “A liga extraordinária”. Diz a lenda, que ele nunca chegou a assistir “V for Vedetta”, mas nunca saberemos ao certo, mas vamos combinar que colocar Portman pra interpretar Evey, foi sacanagem, já que nas HQs, Evey é MUITO inocente e têm mais ou menos 16 anos; já no filme ela é uma mulher madura e não muito inocente.
            Mesmo sendo considerada uma adaptação ruim, “V de Vingança” tem um enredo complexo, o que não quer dizer que seja ruim. A história é muito bem construída e nos prende em frente à TV, é cheia de surpresas e muito suspense. A escolha do ator para interpretar “V” foi mais que satisfatória, tinha que ser, já que o ator que viesse a interpretar o “terrorista” não mostraria seu rosto em momento algum, tendo que se esforçar pra passar os sentimentos do personagem apenas com a entonação de voz e movimentos corporais. O ator também tinha que ser muito “engenhoso” para recitar aqueles textos complexos e bem “estranhos”, como o que “V” recita quando conhece Evey.




           

“V de Vingança” pode parecer a primeira vista, um “filmezinho” barato de entretenimento, porém os temas abordados na película tem um forte apelo social: o racismo, a homossexualidade, o totalitarismo, a corrupção, assuntos estes que, até então, eram simplesmente esquecidos na grande maioria dos filmes.
O filme nos surpreende com cenas complexas e até sem sentido, mas também nos surpreende com a simplicidade, por exemplo, a “historinha” que Evey encontra em um buraco na parede de sua “cela fictícia”, é no mínimo simples e emocionante. É da história escrita por Valerie, que motiva Evey a enfrentar os supostos interrogatórios, deixando-a forte e sem medo.



            De fato, “V de Vingança” pode entrar na história como uma péssima adaptação, mas também entrará na história como um filme revolucionário. É impossível você não sentir a revolta que “V” sente, também é impossível você assisti-lo sem ter uma repentina vontade de se levantar, por uma máscara de Guy Fawkes e fazer justiça com suas próprias mãos, mesmo que essa vontade passe logo, você a sente e isso é inevitável. Não é atoa que a máscara de Guy Fawkes virou símbolo de um grupo de ideias anarquista chamado de Anonymous, que são engajados em questões sociais e fazem protestos através da internet, daí ganharam o apelido de “hackivistas”. Mas também, o discurso usado pelo "terrorista" nós leva a refletir sobre as questões políticas do nosso país, seja ele qual for.


            Enfim, não recomendo que ninguém saia por aí explodindo prédios ou matando políticos desonestos, mas ter consciência de que o povo deve se unir em momentos de crise não faz mal a ninguém. Como diz o nosso terrorista favorito: O povo não deve temer seu governo. O governo deve temer seu povo. 

By: Matheus Medrado


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